segunda-feira, agosto 09, 2004

Faz um certo tempo que não escrevo, e por um lado isso é bom; minhas novas crises existenciais parecem ter mais valor do que realmente têm.
Deparo-me, hoje, com uma questão que tenho como significativa. Argumentando, preciso explicar, erroneamente, com certeza, tudo o que se passa na minha pseudo-vida, ou na minha concepção de vida atual_ não sei ao certo.

Acredito ser crise de aniversário, pois odeio fazer aniversário. Hoje entrei numa das fases negras do ano, e só se repetirá na época de Natal e Ano Novo. É a fase que não se define como depressão, apenas como a união de todos os erros, das apostas erradas, dos tropeções e do desespero acentuado, e tudo, obviamente, vem junto de uma leva só. De brinde, normalmente, vem a bela história de emoções; um ser Spockiano normalmente não tem sentimentos, mas investe na Vida Longa e Próspera.
Avassaladoramente, tudo se ressaltou em um fim de semana, que foi completo apenas hoje. Logo, hei de abordar apenas o que me deixa confusa, mas sem encher o saco mais uma vez.

Acabei de ver Homem Aranha II. E como estou completamente confusa, este acabou por ser o que deu origem a mais uma metáfora de vida.
Se nós somos os heróis da nossa vida, os protagonistas, que sempre mantêm a força e a segurança para fazer o filme continuar, como fazer quando a gente quer assumir o papel vulnerável da mocinha, poder cometer erros para o protagonista corrigir e ainda ser salva no final? E, se deixar na reta, ainda ter um beijo insano e promessas de amor eterno?
Questiono isso porque hoje considero estupidamente difícil aceitar esse tipo de promessas. Sempre falham. Podem até ser verdade, mas na hora da prática, falham.
É muito complicado entender porque afirmações vêm, principalmente quando tu não pergunta ou pede. Principalmente quando vêm de alguém que já significou (ou ainda signifique, mas foi deletado do sistema por receios) muito. O pior ainda, creio eu, é quando vêm três anos atrasados.
É complicado para qualquer pessoa deparar-se com um individuo que sempre, sob qualquer circunstância, baixou nossas defesas, e de repente notar que ele não baixa mais. Complementando, ainda posso dizer que quando as defesas se elevam muito, a gente precisa baixá-las, mas isso sai do controle, e a gente acaba perdendo os mecanismos antes infalíveis.
Podemos concluir, ainda, que quando a gente investe em algo, de qualquer espécie, podemos acabar excluindo outro modelo, que poderia ser a real solução.
Porque quando nós mesmos criamos um problema onde é quase impossível solucioná-lo sozinho, temos de assumir a necessidade de outra pessoa, nem que seja como um peão, sacrificável no jogo. Podemos nos importar com o peão; lutar por ele. Mas o uso dele é devido para tal fim: a proteção do rei.

É muito complicado se deparar com tais idéias. É complexo lidar com a dúvida. Torna-se impossível saber escolher quem será o peão desta vez, mesmo sabendo que não podemos nos sacrificar. Saber em que ou em quem acreditar. As contradições que hoje inúmeras fontes mostram sempre confundem. Uma atitude premeditada, que não resulta no objetivo desejado, acaba parecendo o sacrifício de um peão em vão, e por mais que deixar o rei à mostra possa resultar em um descuido do adversário, pode igualmente resultar na perda do jogo.

E a questão segue: quando queremos deixar de ser o protagonista desse filme, temos nós mesmos de nos dar o cheque-mate? Algum adversário nos pouparia? Há como se ter certeza disso? E, a questão ainda melhor, alguém entendeu alguma coisa desse texto?